Tinha o peito cheio de pássaros enjaulados e saiu para
comprar um abajur. Caminhou debaixo de chuva, era sempre escuro agora, entrou
na loja atraída por um par deles: base branca e cúpula de tecido azul com
flores rosas, como a vida deveria ser. Como ela queria que fosse a vida. E
voltou com dois abajures, um para ela, um para ele. O lado da parede dela, o lado da janela dele. Era uma menina
se equilibrando na pontinha da cama, apertando e soltando o interruptor, carregando aquele
monte de pássaros que logo morreriam de tristeza e ali, no seu peito,
apodreceriam. As lâmpadas dos abajures queimaram em poucos meses, o lado dela
primeiro, depois o dele. Nunca foram trocadas. E os abajures, com suas cúpulas
floridas, continuam ali. Assim como ele. Assim como ela.
Feliz 2016!
ResponderExcluirBj e fk c Deus.
Nana
http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br