segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Noturno


Tinha o peito cheio de pássaros enjaulados e saiu para comprar um abajur. Caminhou debaixo de chuva, era sempre escuro agora, entrou na loja atraída por um par deles: base branca e cúpula de tecido azul com flores rosas, como a vida deveria ser. Como ela queria que fosse a vida. E voltou com dois abajures, um para ela, um para ele. O lado da parede dela, o lado da janela dele. Era uma menina se equilibrando na pontinha da cama, apertando e soltando o interruptor, carregando aquele monte de pássaros que logo morreriam de tristeza e ali, no seu peito, apodreceriam. As lâmpadas dos abajures queimaram em poucos meses, o lado dela primeiro, depois o dele. Nunca foram trocadas. E os abajures, com suas cúpulas floridas, continuam ali. Assim como ele. Assim como ela.

Um comentário:

  1. Feliz 2016!
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br

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