O vaso sanitário entupido. O ralo do chuveiro também. A
fronha cem por cento algodão egípcio rasgada, a parede do quarto com
infiltração, o aquecedor que só funciona quando quer, a jarra, ah, a jarra que
há tantos anos vejo sobre a mesa durante as refeições, rachada, ontem inteira e
hoje rachada, assim como mais um copo, nunca uma dúzia no armário cuja porta
está caindo, as manchas nas paredes da sala, dos quartos e da cozinha, manchas
de bola, de sapatos, de sangue de pernilongo e óleo, o liquidificador que não
liga mais, junto com o aspirador, é greve!, escuto eles tramarem, os tecidos
dos sofás e das cadeiras da mesa de jantar desfiados pelos gatos, assim como o
colchão, assim como o papel de parede, assim como a poltrona do escritório e as
cadeiras da varanda, assim como... o espelho enferrujado que nunca troquei,
mais uma lâmpada queimada, não, são duas, são coisas, só coisas, coisas que vão
sobreviver a mim se eu não jogá-las antes, coisas das quais talvez eu nem
goste, talvez eu as deteste, por me lembrarem todos os dias, ao acordar e ao
adormecer, de que não dou conta (das coisas) dessa vida.
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