Todas as madrugadas Guilherme ataca a geladeira, silencioso. Vivian
só percebe por causa da pia na manhã seguinte.
Na segunda, ele deixou um pote com restos de sorvete e
cobertura de chocolate. Na terça, restos de banana amassada com farinha doce.
Na quarta, chocolate derretido com caroços de mexerica e cascas de banana. Na
quinta, bolachas doces esfareladas com chantili. Na sexta, mais sorvete com
leite em pó e cobertura de caramelo.
Na manhã do sábado, Vivian olhou para a pia. Em vez de chorar,
tomou um café sem açúcar e comeu meio pão com manteiga. Guilherme dormia.
Enquanto ela desgrudava os restos da semana e deixava a louça
limpa, viu o esmalte vermelho de dois dias sumir das unhas. Guilherme apareceu
na porta:
Por que você está
fazendo isso? Deixa aí que depois eu lavo...
Guilherme..., o
rosto de Vivian se avermelhou. Guilherme...vai
se ferrar, Guilherme, eu te odeio, Guilherme, você é um porco egoísta nojento,
Guilherme...escuta aqui, Guilherme...olha aqui...
Vivian, eu não entendo
porque mereço tanto desrespeito.
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