domingo, 5 de janeiro de 2014

Manchas de um domingo


O café amargo frio na xícara. O gelo derretido no copo d’água. As solas dos pés escuras de um chão por limpar há mais de uma semana. Os fios de cabelo que escorregam lentamente pelas costas até esse mesmo chão de piso frio. Não há nada nela que consiga se segurar: até as unhas quebram em contato com o ar. Lágrimas gordas pelas bochechas vermelhas. Não consegue se lembrar quem lhe ensinou as mentiras sobre o amor entre um homem e uma mulher. A existência  desse amor a maior mentira de todas: um homem e uma mulher juntos só amam seus próprios umbigos. Os olhos não vão além disso. Suas mãos trêmulas enxugam as lágrimas. A xícara arremessada contra a parede. Mais uma mancha no chão. E daí?

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