É que eu preciso
ir, ela disse, pensando que não se tratava mesmo de precisar. Do quê, afinal,
uma mulher precisa? Água, pão quente no fim de um dia, um sorriso, cheiro de
rosas, um olhar pedindo “fique”, como o que ele lhe lançava ali, parado no meio
do quarto de um hotel?
É que é melhor
eu ir, ela redisse, sem saber o que classificar como melhor e pior. Melhor para
quem? Pior para quê? Melhor onde? Pior quando? E o olhar ali, “fique”, sem
trégua, as mãos dele atiradas na direção dela, ela virando-se de costas, em
direção à porta, querendo dizer o que não podia ser dito, porque é disso,
afinal, que se trata: querer.
É que eu não
posso, ela se corrigiu, tantas palavras para não dizer aquilo que nem precisava
ser falado, ele podia entender através do corpo dela que tremia levemente, da
gota de suor que escorria pela nuca descoberta, das mãos sem lugar para ficar; o que, enfim, ela não podia
dizer que já não estivesse sendo revelado?
Ela cansou de
procurar pelo verbo que não existia, pelo menos para ela, pelo menos naquele
momento. Deu quatro passos, abriu e fechou a porta do quarto sem olhar para
trás. Tinha um vôo para pegar dali uma hora. Em três estaria em casa para o
jantar, conforme prometido para o marido e para as crianças. Pelo menos por
enquanto.
Me lembrei do filme Amor sem Escalas. Vale a pena ver!
ResponderExcluirBj e fk c Deus.
Nana
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