Em sonho, ele veio. Veio de surpresa enquanto eu dançava, e
quando o encontrei, e quando o abracei, e enquanto o abraçava, eu ria feito
criança que ganha uma bicicleta no Natal depois de três ou quatro cartinhas
para o Bom Velhinho. E, enquanto eu ria, ele elogiava o meu sorriso, a minha
risada, a minha gargalhada, porque eu me apoiava nele para rir, e me emocionava
porque há quantos anos mesmo um homem não elogiava um ato meu, qualquer um que
fosse? Há quantos anos mesmo eu não gargalhava? E ele me colocou no carro, não
avisei ninguém que eu sairia por algumas horas, dias, meses ou anos, o que ele
quisesse, o que conseguíssemos, eu ao lado dele, ele entrando numa estrada que
não sabia aonde chegaria, ele deixando as filhas, eu deixo tudo, ele me falou,
eu não sei, eu disse, meus meninos, preciso dos meus meninos. E não sei se voltei
para casa ou não.
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