terça-feira, 3 de maio de 2016

Sete da manhã

Na calçada em frente ao prédio de quatro andares no centro sujo da cidade, fotos picadas – o rosto dela, sorrindo, em frente à Torre Eiffel, ainda estava ali, intacto, mas não, não consegui identificar um pedaço de mão no seu ombro, talvez ele estivesse tirando a foto, e pensando se haveria momento mais feliz na vida do que esse, com ela, ela com ele, ali, em Paris, sorrindo para uma foto, em frente à torre iluminada; CDs quebrados ­– a palavra momentos escrita num dos pedaços com caneta permanente, enquanto a vida é escrita a lápis; pétalas de rosa secas misturadas com papéis picados, muitos, branco com pauta, branco sem pauta, azul claro com pauta, amarelo claro sem pauta, rosa choque com pauta, laranja sem pauta ­– e no laranja, um laranja forte e brilhante, sem desgaste (do tempo, entenda bem), ainda intacta, tanto quanto o rosto sorrindo em frente à torre, a frase eu te amo





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