Ele saiu para comprar cigarros. E ela, uma semana depois,
olhando a cama ainda desarrumada, o travesseiro dele que agora ela usava para
apoiar os joelhos, a marca de cigarro que ele deixou no sofá, aquele buraquinho
bem onde ela gostava de apoiar o braço, as cervejas na geladeira, ela preferia
vinho, as crianças perguntando onde,
quando, por quê, ainda, já, os brinquedos espalhados pela sala, ela não
iria mais pedir para recolherem, nem os brinquedos, nem as meias, nem os
papéis, nem as canetinhas, nem os sapatos, nem as fantasias, nem os documentos, nem sua dignidade, nem sua autoestima, nem as fotos
picotadas pela mais genuína raiva, nada, não recolham nada, e ela, uma semana
depois, olhando os próprios pés, iria sair para comprar o quê?
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