Um cachorro. Uma casa com quintal onde as paredes fiquem sujas. Marcas da bola chutada pelas crianças. Uma casa com um abacateiro nos
fundos. E uma mangueira. Ou uma mexeriqueira. E uma
piscina onde eu possa mergulhar e ficar mergulhada até não suportar mais o
silêncio. Ou um rio com cachoeira. E talvez dois cachorros. Um casal: Zica e
Cartola. Uma biblioteca, sempre, antes de tudo. A mesinha para o chá. A porta
aberta para os amigos. Férias em Paris, ou Havana, ou Zagreb, ou Salvador, ou
Moscou, ou Piedade mesmo. Mas férias. Dias de quietude. Dias de adivinhar nuvens. Pausa para o café no fim da tarde. Uma mesa cheia de vizinhos. Uma
calçada cheia de vizinhos. Crianças nas ruas. Ruas riscadas de giz. Um relógio
parado. Um banho de mar em plena segunda. Ou terça. Ou quarta. Qualquer dia.
Acarajé e cerveja. Caipirinha em plena segunda. Ou terça. Ou quarta. Um sono de
dez horas. Um cigarro e um bom papo. Sobre cinema. Sobre literatura. Sobre
teatro. Sobre histórias. Sobre dor. Sobre amor. Sobre existir. Sobre não existir.
Risadas. Gargalhadas, daquelas de dor de barriga e pernas amolecidas. Xixi na calça. Uma
esticada na rede. Uma tarde de sexo. Ou duas. Ou três. Ou mais, sempre. Uma
taça de sorvete com farofa. Um gato perto do computador. Nina Simone. Uma infância esticada. Mais três
anos de adolescência. Nenhum boleto. Por uma semana, ao menos.
Saudades dos tempos que já foram...
ResponderExcluirBj e fk c Deus.
Nana
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