A festa estava
no fim depois de sete horas de pista cheia. Dos setecentos convidados, restavam
menos de cinquenta. A música não era mais ao vivo. O bar já estava fechado. O
chão estava coberto de serpentinas, confetes, bolhas de sabão mortas, pedaços
de papéis laminados e cacos de vidro. Meu cabelo já estava solto e desgrenhado
em cima do rosto suado e brilhante. A maquiagem, bem feita, ainda intacta. Véu
e grinalda já não tinha usado nem no começo da festa. As sandálias perdidas em
algum canto do salão e a barra do vestido branco marcada de pó, chocolate, vinho
e champagne. Não consigo me lembrar da música que tocava, mas eu rodopiava,
atravessava a pista, ria e cantava acompanhada do meu primeiro amor, um menino
que virou um homem com quem não me casei. Mas rodopiávamos, atravessávamos a pista,
ríamos e cantávamos, e eu só conseguia pensar que a vida pode ser tão bonita.
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