sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Não leia

Trinta e sete graus na mais fresca sombra. No café, poucas janelas e nenhum ar condicionado. Não há brisa. Na mesa ao lado, um homem com o peiot desgrenhado, chapéu preto de veludo, terno, gravata e capote pretos. Do seu rosto, só vejo o permitido pela barba, bigode e cabelo compridos. Da pele que parece nunca ter sido tocada pelo sol, só as mãos. No pouco que vejo, há suor e sebo. Com ele, dois bolivianos (ou peruanos ou chilenos ou mexicanos?) em camisas rotas e calças curtas que me deixam ver meias que não combinam com os sapatos, e um quarto (e último) homem gordo e careca. Está de costas para mim e isso é tudo que posso ver, além da pele suada debaixo da camisa clara. Tomam uma xícara de café atrás da outra, com pouca água nos intervalos, e nada comem. Não riem e mexem muito os olhos. Sobre o quê falam, não posso dizer, nada escuto. E sobre o quê falam é só o que me interessa. 

Em outras palavras: de nada serve tudo o que escrevi aqui. 

Eu avisei. 



Um comentário:

  1. kkk um texto com senso de humor sempre serve.
    Bj e fk c Deus
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br

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