Ela não tinha
mais que um metro e sessenta. E pesava bem mais do que podia aguentar sua baixa
estatura. Aparentava estar na faixa dos
setenta, mas tenho uma certeza que não sei de onde vem que ela não tinha chegado
aos sessenta. A pele estava queimada, era dura e craquelada. Os cabelos
grisalhos, até a cintura, estavam presos num rabo de cavalo indolente. Ela
caminhava vestida de azul, passos apressados, quando se curvou diante de um canteiro
e começou a puxar dos pulmões algo pesado e antigo. O som desse algo vindo
raspava na garganta, imaginei o concreto sendo preparado na betoneira, quando
ela abriu a boca e cuspiu uma, duas, três, inúmeras vezes um muco espesso e
esverdeado. E barulhento. Mas então ela levantou os olhos e viu que despejava o
catarro numa primavera florida. Que linda, ela disse enquanto cheirou a flor
roxa. E continuou a caminhada.
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