Dessa vez ela não desejava quebrar a taça nas suas mãos.
Segurou-a com delicadeza debaixo da torneira aberta, um pingo de detergente
apenas, como alguém que ela não se lembra quem lhe ensinou, mas não foi
suficiente e a taça rachou com facilidade, como racham as coisas dentro dela. E
o sangue tirado por um caco no dedo a assustou, dessa vez ela não o queria do
lado de fora. Tirou o caco, tentou estancar aquele fio de sangue com o pano de
enxugar louça, mas o sangue, por mínimo que seja, não pode ser estancado assim.
Não com um pano sujo de óleo de lata de atum. Foi na salada que ela jogou atum
em pedaços? Ou foi daquela noite em que comeu o atum sozinho, dentro da lata
mesmo, com um garfo de sobremesa? Olhou para o dedo e o sangue ainda por um fio.
Deixou. O pano precisava ficar ainda
mais sujo.
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