Papai Noel não
existe. Sim, esse velhinho que todo mundo qualifica de bom e que, se existisse,
morreria derretido no Brasil no mês de dezembro, é uma invenção. Mais uma.
Ele não fabrica
brinquedos. Quem fabrica são empresas gigantes cujos acionistas estão
preocupados com os lucros e não com a alegria das criancinhas. Não há sorrisos
infantis estampados nas planilhas desses executivos.
Papai Noel
também não compra nada. Quem compra são os papais e as mamães que passam o ano
todo trabalhando para poder comprar os brinquedos que as crianças vêem na
televisão. Muitos papais e mamães se endividam para que o filho possa ter o
carrinho que anda na parede e a filha possa ter a boneca que faz xixi e cocô e
fala cinquenta e três frases em cinco línguas. E quem leva o crédito é o Papai
Noel. Saibam crianças, pelo menos a maior parte das crianças: o que é colocado
na árvore vem com sacrifício. Não escorrega do Polo Norte num trenó.
Muitas crianças
não ganhariam nada se não fosse pela caridade. Muitas não ganham nada mesmo,
nem por caridade. E não porque não sejam boazinhas, mas porque papai e mamãe
mal conseguem ganhar para comer. Já ouviram falar em Maslow? Pois é: primeiro a
gente come, depois a gente brinca. E nem estou falando do peru e do chester (como é um chester, afinal?).
Então no Natal
(o que se comemora mesmo?) ganha quem pode, não quem merece. E crianças merecem
tanta coisa boa – só coisas boas, inclusive pacotes com presentes.
Essa é a
verdadeira história do Papai Noel, mas eu não consigo contá-la.