Ele tinha noventa e um anos e
o lado esquerdo do corpo paralisado há dez. Cuidado diariamente pela esposa com
oitenta e nove. Todas as noites dos últimos dez anos ela deitava ao lado
direito dele. Ficavam de mãos dadas até ele adormecer. E quando isso acontecia,
ela soltava a mão devagar, para tomar um banho mais demorado, com tempo para
chorar. E logo voltava para a cama, receosa de que ele percebesse a falta.
Nunca percebeu. Numa noite, ela gritou. Um grito que o fez acordar a
tempo de vê-la sendo levada por um ataque do coração.
Já faz três anos, mas ainda é
possível escutá-lo nas madrugadas. Helena!...Helena!
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