Um amor feito na
China, para não durar, como as cadeiras que fazem desabar quem nelas senta pela
décima vez. Ou as malas que espalham roupas e frascos de perfume na quinta
viagem. Só ela – ingênua ou desesperada? – não percebeu. E não adianta tentar
consertar, sua boba. Compre outra cadeira e outra mala. Você nem escuta, não é?
E caminha na chuva – cena tão clichê – sem perceber as crianças descobertas na
calçada agarradas a mamadeiras cheias de Coca-Cola. O veneno se espalha pelas
veias – delas e dela – , galerias e marquises, nem todos conseguem se esconder.
Só a senhora com chapéu turquesa e quatorze anéis em oito dedos sorri.
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