Sempre chega um
tempo, um tempo qualquer para uma sucessão de atos, que a gente só sabe que
chegou quando já foi. E chegou o tempo de eu não ter mais tempo para os almoços
com minha avó. As noites de sábado só terminavam nas manhãs de domingo e os
almoços viravam cafés da manhã e as tardes eram preenchidas com lembranças e telefonemas
prometidos na noite anterior e eu ainda não conhecia a agonia do início do que
se determinou semana útil (?) e não pensava sobre a impossibilidade de se voltar
para o ponto em que havíamos deixado a corrida. Eu não sabia que corríamos. Numa
tarde à toa, quando também não sabia que tardes à toa correm, eu te liguei só para
dizer que te amava. Você suspirou surpresa, agradecida e tímida disse que também
me amava. É claro que sim, você lambia as solas dos meus pés infantis. Mas o
que eu devia mesmo ter feito era ter te levado para tomar um sorvete numa tarde
quente como a de hoje.
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