Decidiu que ela própria prepararia o jantar de comemoração
dos quarenta anos de casados. Coq au vin, para lembrar a lua de mel em Paris,
ela disse para ele. Ele deu a resposta que ela sabia que ele daria: ótimo. A
mesma resposta que ele daria se ela tivesse dito que pediria algumas pizzas,
algo bem simples, para não gastarem muito e ainda lembrarem a primeira vez em
que ele a chamou para comer fora. Decidiram, ou melhor, ela sugeriu e ele disse
ótimo, que chamariam apenas a prima dele, que se tornou a melhor amiga dela,
acompanhada do segundo marido, não tão agradável quanto o primeiro, mas paixão
é paixão, eles entenderam e aceitaram; a irmã dela com o marido, do qual ela gostava
mais do que ele – fala pouco, não bebe nada, sempre observando ... – é, mas
nunca deixou faltar nada em casa ... ; a amiga dela, madrinha de casamento
deles, sem acompanhante desde que ficou viúva – coitada, marido como o dela
ninguém acha mais, apaixonado até o último suspiro, nunca a traiu, sabia?; e o
irmão dele com a terceira mulher, quer dizer, segunda no papel, boazinha,
melhor do que a segunda, se não contarem os papéis. Decidiram, ou melhor, ela
sugeriu e ele disse ótimo, que não chamariam as filhas, já casadas e com filhos
pequenos, tão mais difícil para sair à noite. E a noite não seria para isso, não é? Decidiram, ou melhor, ela
sugeriu e ele disse ótimo, que comemorariam com as filhas, genros e netos no
dia seguinte, no almoço. Decidiu que ela própria prepararia a lasagna, sem
presunto, como ele prefere.
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