quarta-feira, 24 de junho de 2015

Não


Leio sobre um sol fraco que se infiltrava através da neblina e tingia de rosa e lilás os amontoados de neve. Nunca estivemos juntos na neve. O sol, depois que você foi embora pela porta do quarto de hotel onde dormi sozinha com o corpo intacto e as cortinas abertas, não se infiltrou através da neblina porque naquela cidade onde estávamos, só eu de passagem, não havia neblina e o tingimento não era de rosa e lilás, mas de vários tons de laranja, do mais fraco ao mais forte, eu ali adormecida sem ter fechado os olhos por mais de meia hora durante a madrugada, olhando através da janela exposta pelas cortinas que mantive abertas sem saber a razão, talvez uma esperança ridícula de te ver caminhando pela rua procurando pela janela do quarto de onde você tinha acabado de sair, onde nos dissemos “não”, onde decidimos não continuar uma história, de onde você saiu e eu: não. Em nenhuma outra manhã encontrei aqueles laranjas todos. Em nenhum caderno consegui terminar a história. Mas li sobre um sol fraco que se infiltrava através da neblina e tingia de rosa e lilás os amontoados de neve e pensei em você.

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