Eu vi Júpiter, ele me contou, a coisa mais brilhante que já
vi. Olhei para ele – a coisa mais
brilhante que já vi, apesar de não poder vê-los, são meus olhos olhando para
ele – e pensei que nunca vi Júpiter, nunca nem mesmo consegui localizar a
constelação do Cruzeiro do Sul, as Três Marias, às vezes demoro para localizar
a lua. E só agora, olhando para ele, entendi: trago em mim um deus protetor que
não me permite localizar Júpiter ou Marte ou uma estrela que forme um desenho
com outras a nos indicar o sul ou o norte ou seja lá o que for. Vê-los me daria
a certeza de que é isso mesmo: não somos um jogo de Lego, com as pecinhas
previamente pensadas para ficarem encaixadas em perfeição, quiçá expostas para todo o sempre. Somos apenas bonecos
de massinha de modelar feitos por uma criança que a qualquer momento pode
enjoar da brincadeira e nos amassar com um só murro. Ou uma só pisada.
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