domingo, 10 de abril de 2016

Júpiter e o dono da bola





Eu vi Júpiter, ele me contou, a coisa mais brilhante que já vi.  Olhei para ele – a coisa mais brilhante que já vi, apesar de não poder vê-los, são meus olhos olhando para ele – e pensei que nunca vi Júpiter, nunca nem mesmo consegui localizar a constelação do Cruzeiro do Sul, as Três Marias, às vezes demoro para localizar a lua. E só agora, olhando para ele, entendi: trago em mim um deus protetor que não me permite localizar Júpiter ou Marte ou uma estrela que forme um desenho com outras a nos indicar o sul ou o norte ou seja lá o que for. Vê-los me daria a certeza de que é isso mesmo: não somos um jogo de Lego, com as pecinhas previamente pensadas para ficarem encaixadas em perfeição, quiçá expostas para todo o sempre. Somos apenas bonecos de massinha de modelar feitos por uma criança que a qualquer momento pode enjoar da brincadeira e nos amassar com um só murro. Ou uma só pisada.






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