Sim, você era
desafinado e arranhava o violão, mas eu gostava. Você ali, numa ponta do sofá,
eu na outra, com os dedos dos meus pés quase encostados na tua perna. Você
ficava nervoso, avermelhava, sorria para mim como quem se desculpa. Eu gostava,
seu bobo, não precisava daquele sorriso. No auge da tua tensão eu beliscava tua
coxa com o dedão e o segundo dedo só para ouvir você dizer pô, isso é sério. Eu
sei que era. Você fez uma música para mim: Depois do meio. Como eu não acharia isso sério? Sabe o que vem
depois do meio?, foi a tua pergunta afogada. Eu sei, eu entendi, mas você não
deixou a música escrita em nenhum papel, e isso é ainda mais sério.
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