É que o vapor da
água quente me faz bem, fico numa tentativa de transformar em gotículas essa
agonia de não saber se trocaram o curativo na testa do meu filho porque passei
o dia fora cuidando de problemas alheios para pagar o convênio médico. E outras
contas mais. Mas o que se liquefez foi a minha ilusão de que os adultos são donos
do próprio coração. Não eu, que tenho um coração que dorme com tosse em duas
caminhas. Não eu, que tenho um coração esmagado por um cansaço que eu
desconhecia. Minha mãe parecia ser mais sorridente cuidando do nosso almoço. Tento
respirar dentro dos táxis enquanto ordeno itinerários com vontade calada de
dizer me leve para algum lugar que não
conheço. Por favor! E meus
cadernos continuam em branco. E ainda sonho com varandas. E ainda não consegui
fazer o supermercado. E ainda sinto medo, tanto medo.
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