Sempre tem a morte, um câncer, um grito, um apaixonar-se, uma
xícara que cai com o café quente, uma tromba d’água, um carro sem freio, um
tropeço, um pão mofado, e ele continua deixando a torneira do banheiro aberta,
todos os dias, e ela continua esperando pisar em calçadas desconhecidas, e tem
uma dor de barriga, uma dor de ouvido, uma dor de cabeça, uma dor de estômago,
uma dor de dente, cistite, e ele continua deixando a torneira do banheiro
aberta, todos os dias, e ela continua esperando pisar em calçadas
desconhecidas, e tem uma chuva de vento, um incêndio, uma enchente, uma geada,
uma seca, uma nevasca, um ditador, e ele continua deixando a torneira do
banheiro aberta, todos os dias, e ela continua esperando pisar em calçadas
desconhecidas, e tem o corte de verba, o corte de emprego, o corte de luz, o
corte de água, o corte do amor, o corte do gás, o corte da internet, o corte das calorias, o
corte da infância, e ele continua deixando a torneira do banheiro aberta, todos
os dias, e ela continua esperando pisar em calçadas desconhecidas.
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