domingo, 27 de dezembro de 2015

Red roses


Estava sozinha. No banheiro, descalça, sem vontade de vestir roupa alguma, derrubou o vidro de perfume que pegou por engano. Os cacos no chão; os olhos, o pescoço, os peitos e o que já foi uma cintura no espelho; a escova de cabelo que há dias não escovava cabelo algum; o cheiro do perfume subindo pelos pés; o lado dele no banheiro, vazio há anos, mesmo com a escova de dentes ali; as toalhas úmidas jogadas sobre a banheira que ela só enche nas madrugadas; uma pomba que se aproximou da janela, bicha nojenta, vem aqui só para ver o que está restando de mim. Levantou um pé para pular os cacos, desistiu: colocou os dois pés sobre o frasco quebrado, vidro grosso, pisou mais forte, até a pele abrir, até a  pele grossa rasgar, até o sangue sair e se misturar com o líquido cítrico, nada doce. Ficou ali, olhando o sangue espalhar, sem chorar. Estava cansada.

Um comentário:

  1. E morreu ou não?!
    A minha retrospectiva vai ao ar no dia 31! Feliz ano novo e q Deus te abençoe!
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br

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