Estava sozinha. No banheiro, descalça, sem vontade de vestir
roupa alguma, derrubou o vidro de perfume que pegou por engano. Os cacos no
chão; os olhos, o pescoço, os peitos e o que já foi uma cintura no espelho; a
escova de cabelo que há dias não escovava cabelo algum; o cheiro do perfume
subindo pelos pés; o lado dele no banheiro, vazio há anos, mesmo com a escova
de dentes ali; as toalhas úmidas jogadas sobre a banheira que ela só enche nas
madrugadas; uma pomba que se aproximou da janela, bicha nojenta, vem aqui só
para ver o que está restando de mim. Levantou um pé para pular os cacos, desistiu: colocou os dois pés sobre o frasco quebrado, vidro grosso,
pisou mais forte, até a pele abrir, até a pele grossa rasgar, até o sangue sair e se misturar com o líquido cítrico, nada doce.
Ficou ali, olhando o sangue espalhar, sem chorar. Estava cansada.
E morreu ou não?!
ResponderExcluirA minha retrospectiva vai ao ar no dia 31! Feliz ano novo e q Deus te abençoe!
Bj e fk c Deus.
Nana
http://procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br