Eu passei um aniversário – meu – em Nova Iorque, mas não me
lembro de nada além disso – estar em Nova Iorque no meu aniversário,
beliscando-me. Não sei quantos anos fiz no aniversário que passei em Nova
Iorque. Não me lembro do que comi, do que bebi, por quais ruas andei. Ah, uma
amiga ligou no meu celular para me desejar um feliz aniversário, eu estava em
alguma esquina esperando o sinal abrir para os pedestres, disse para ela que
estava em Nova Iorque, devo quase ter gritado, e ela desligou rápido. Não me
lembro da roupa que usava – era primavera lá – isso eu sei porque ainda me
lembro do mês em que nasci. De resto, mesmo, não me lembro de mais nada; mas em
dias como hoje, em que me senti engolida por vinte milhões de pessoas e
quarenta e sete horas, gosto de me lembrar de que já passei um aniversário –
meu – em Nova Iorque. Nem que seja só isso.
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