Na foto, o filho entre ela e o marido, os três atrás de um
bolo com quatro velinhas azuis acesas, ela sorriu. Tomou o cuidado de olhar bem
para a câmera e sorrir, o melhor sorriso que ela poderia dar para uma foto que
o filho poderia ver dali a quarenta, cinquenta anos, ela já morta ou esquecida
de quem foi, as duas mãos nos braços da criança, questão de mostrar que o filho
era o único ali merecedor do seu afeto. Daquele dia em diante, seria o filho seu único destinatário. O resto, o resto ali naquela mesa, naquela
foto, naquela vida de família reunida em torno de um bolo de aniversário, era
só um resto que dali a quarenta ou cinquenta anos ela também esquecerá.
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