A vida é curta,
ela pensa todos os dias, logo ao acordar, para se viver numa fazenda em Ngong
ou Ribeirão Preto, numa quitinete em Paris ou Londres, num condomínio aos
arredores de Nova Iorque ou São Paulo, numa casa com quintal em Urupês ou Berna,
para se ter uma pousada na Vela Luka ou em Mykonos, para trabalhar como médica no
Rio de Janeiro ou passeadora de cachorros em Kuala Lampur, para morrer de solidão
em Tóquio ou de amor em Lisboa, para ler Guimarães, Clarice, Pessoa, Lobo,
Joyce, Woolf, Beckett, Tolstói, Faulkner, Proust, Hélder, Dostoiévski e ver Fellini, Bergman, Godard,
Truffaut e von Trier, para comer manga sentada numa mangueira em Sorocaba e tomar um café,
mais um café, no de Flore, aprender francês, italiano, espanhol, russo, croata,
japonês, escrever, pintar, dançar, atuar, correr, nadar em Fernando de Noronha ou Tel
Aviv, ser católica, judia, muçulmana, branca, negra, amarela, vermelha, mãe, tia, avó, irmã e amiga, parar
para ver o pôr-do-sol ou uma borboleta na região de Tomsk. A vida é muito curta, ela pensa todas as
noites, antes de dormir, para tantas elas.
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