Senhor... isso os deixava tão
distantes ... Deus? ... ainda uma
dúvida, ela tinha vergonha, não, vergonha não é le mot juste, ela tinha é medo, isso mesmo, medo de confessar sua
dúvida ... o quê??? ... e desistiu de
tentar traduzir o que realmente sentia, era mais fácil, e com isso queria dizer
menos doloroso, dizer apenas que sim, acredito,
claro ... mas agora, sozinha na cama, o quarto habitado apenas por ela e
seu reflexo invisível no vidro da janela, não podia soltar quaisquer palavras,
tinha que respirar fundo e cavoucá-las, buscar a dúvida nas entranhas e
trazê-la para a superfície, rolando garganta acima, eu não sei ... se sentia ridícula tendo que chamá-lo, acreditar ou
não não é uma escolha, mas ninguém parece entender, fica tão mais fácil, agora,
sim, fácil, não entender ... e ela sufocada pela falta da mot juste. Na estante do quarto escuro, Clarice, Virginia,
Antonio, João, Samuel, Liev, Fiódor, Herberto, Hilda, Fernando, Manuel, Carlos,
Raymond, Gustave, Anton, Marcel ... ela não via, mas eles estavam ali. Fechou os olhos, abraçou os joelhos.. Ah,
quem é que precisa dele?
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