Hoje ouvi “(I’ve had) The Time of My Life” e me lembrei de
que você não está mais aqui. Foi embora sem acariciar meus braços, como fez nos
da Jennifer Grey durante as cenas embaladas por “Hungry Eyes”. Mais do que
pular sobre você na dança final, eu queria suas mãos descendo pelos meus braços
enrolados no seu pescoço. O seu pescoço! Queria suas mãos me ensinando a mexer
o quadril no ritmo de “Hungry Eyes”. Eu era muito jovem, tinha uma vaga ideia
do que um homem e uma mulher poderiam fazer numa cabana como aquela em que você
(eu sei, não era você, mas para mim era você, sempre será você) morava. Foi o
filme que mais vi na vida. Um amigo, por quem eu nutria uma paixão, me dizia
que a bunda da Jennifer Grey era muito gostosa. Eu olhava no espelho para
comparar a minha com a dela, em uma tentativa de descobrir se meu amigo também
achava minha bunda gostosa, porque eu queria que ele achasse a minha bunda
gostosa. E se ela fosse, quem sabe um dia você me falaria que minha bunda era
gostosa. E faria com ela e com o resto de mim o que você fez com a Jennifer
Grey. Mas você foi embora, sem uma dança nossa, sem acariciar meus braços, sem
me dizer se minha bunda era gostosa ou não. Eu era muito jovem. Isso não
se faz.
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