Um dia. Não,
dois. Três. Sete, vai. Durante uma semana ela precisa deixar de ser guerreira e
forte e batalhadora e solucionadora de problemas e foda. Durante uma semana deixar de
se preocupar com o trabalho que paga contas, com a despensa que precisa estar
abastecida, com o horário das crianças, com o barulho do carro, com a dor de
ouvido do filho na madrugada, com o peso do próprio corpo, com as unhas
pintadas para as reuniões com homens que se levam a sério. Uma semana com
roupas de algodão, nada que grude no corpo. Uma semana sem sapatos, nem
chinelos. Quiçá uma semana sem roupa alguma, jogada na cama, na grama, na
areia, na água salgada. Ou doce. Cafuné e massagem nos pés. Porque durante uma
semana ela precisa ser tratada como flor rara mesmo, mulherzinha, não frágil,
porque não é, mas delicada. Só uma semana e depois volta a ser o que é, mesmo
que ela não saiba quem seja.
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