quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O apito da sirene


Ele estava parado na plataforma da estação, esperando o trem para a zona oeste da cidade. Cabelos brancos, pele solta, magro, não sorria. Sobre a calça jeans e a camisa de mangas curtas, um jaleco de brim azul-marinho desbotado, desses que denunciam que quem o veste está na base da cadeia alimentar e vende seu tempo controlado para entrar, sair, comer, rir, mijar e cagar. Ele não tirava os olhos do trilho e entrou no trem como mais uma peça. Meu avô. O tempo todo não deixei de pensar no meu avô, mesmo sem saber se já o vi num jaleco como aquele.

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