Ele estava parado na plataforma da estação, esperando o trem
para a zona oeste da cidade. Cabelos brancos, pele solta, magro, não sorria. Sobre
a calça jeans e a camisa de mangas curtas, um jaleco de brim azul-marinho
desbotado, desses que denunciam que quem o veste está na base da cadeia
alimentar e vende seu tempo controlado para entrar, sair, comer, rir, mijar e
cagar. Ele não tirava os olhos do trilho e entrou no trem como mais uma peça.
Meu avô. O tempo todo não deixei de pensar no meu avô, mesmo sem saber se já o
vi num jaleco como aquele.
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