Carregava a onça
dentro da mochila fechada. A única preocupação era que estivesse alimentada.
Sei do que sou capaz quando estou com fome; com uma onça não deve ser
diferente. Por que alguém carregaria uma onça dentro de uma mochila fechada?,
eu pensava enquanto carregava a onça dentro da mochila fechada. Não sabia se
ela tinha sido capturada no Mato Grosso ou no Mato Grosso Sul. E se alguém me
perguntasse? Escolhi Mato Grosso do Sul. Pronto. Se eu carregava a onça dentro
da mochila fechada, ela vinha de onde eu quisesse. Não enxergava o fim da estrada de terra, não
sabia para onde tinha que levar aquela onça que nem sabia de onde tinha vindo,
o calor estourava meus olhos e minha pele. Abri um pouco o zíper da mochila
para a onça poder respirar, ela dormia, se mexeu um pouco, fiquei aliviada por
não estar morta. Dormindo, parecia que não me comeria nem que estivesse com
fome. Parei. Não tinha água nem comida comigo. Só a mochila agora não tão
fechada com a onça dentro. Sentei na beira da estrada. Nenhuma sombra. Nenhum
vento. Tirei a mochila das costas e coloquei-a do meu lado. Meu marido apareceu num salto no meio da estrada. Pegou a mochila e levou a onça. Minha onça.
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