Acordar de
madrugada e engolir, a seco, dois analgésicos. Como quase todos os dias e todas
as noites. Algo sempre lateja, se não é a fronte é a nuca, se não é a nuca é a
lombar, se não é a lombar são os sesamoides, se não são os sesamoides é um
lugar fora, impalpável. E engole os analgésicos na falta de uma garrafa de
whisky que sempre esquece de comprar. Água, melancia, pão integral, banana
nanica, macarrão instantâneo, suco de uva, manteiga com sal e nunca a porcaria
do whisky. Até barra de cereal! Por que mesmo parou de fumar? Não adianta abrir
as gavetas, nenhum cigarro esquecido, talvez um antidepressivo, vencido, e um
diário com as páginas rasgadas, que bom, o pior já passou, quanta besteiras nos
dizem por aí! E quem mesmo precisa dormir, comer, beber, rir, amar, vestir,
ganhar, perder? Por quê? Por quê? Ah, o whisky. Na próxima não esquecerá o
whisky.
Nenhum comentário:
Postar um comentário