segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Lista de compras

Acordar de madrugada e engolir, a seco, dois analgésicos. Como quase todos os dias e todas as noites. Algo sempre lateja, se não é a fronte é a nuca, se não é a nuca é a lombar, se não é a lombar são os sesamoides, se não são os sesamoides é um lugar fora, impalpável. E engole os analgésicos na falta de uma garrafa de whisky que sempre esquece de comprar. Água, melancia, pão integral, banana nanica, macarrão instantâneo, suco de uva, manteiga com sal e nunca a porcaria do whisky. Até barra de cereal! Por que mesmo parou de fumar? Não adianta abrir as gavetas, nenhum cigarro esquecido, talvez um antidepressivo, vencido, e um diário com as páginas rasgadas, que bom, o pior já passou, quanta besteiras nos dizem por aí! E quem mesmo precisa dormir, comer, beber, rir, amar, vestir, ganhar, perder? Por quê? Por quê? Ah, o whisky. Na próxima não esquecerá o whisky. 

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