Entrou, fechou a
porta com a chave, deixou a bolsa no sofá e sentou-se na poltrona com o tecido
recém-trocado, de couro branco para veludo vermelho, de frente para a porta. A
porta por onde ela poderia sair, com mala, ou malas, ou sem nada, só a bolsa
com os documentos. Não queria trocar de nome, rosto, número do RG e CPF,
passado. Queria, com o mesmo corpo, sair por aquela porta, sem data para
voltar, ainda que soubesse que voltaria. Lá fora encontraria as antigas ilusões.
Já os sonhos estavam pregados naquelas paredes e para eles ela (ainda) não
queria dizer adeus. Só um até logo. Só umas férias, um tempo para transformar o
ódio em tristeza, esse ódio duro que não deixava as lágrimas caírem enquanto
ela olhava para a porta, que não – esqueça isso, minha querida – se abriria
sozinha para ela sair.
Adoro seus textos. Lindo este!
ResponderExcluirQuerida, que honra!
ExcluirNossa... não me perdoo por ter ficado tão longe de seus textos.
ResponderExcluirUm dia eu disse: Lu, você é uma cronista que transpira poesia.... e de fato é.
As vezes eu acerto. Que bom!!!!
E que bom que você é assim: ótima demais....
Abraços desse seu fã, que um dia humildemente você aceitou como amigo
Que bom que você voltou, Murillo!
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