segunda-feira, 4 de maio de 2015

Alguém e ninguém


Sonhei com um pássaro de plumas amarelas esverdeadas, gordo, achei que fosse pelúcia, mas ele pousou no meu braço que descansava debaixo de tantos galhos entrelaçados e adormeceu feito um gato. Eu precisava descrever para alguém as maravilhas daquele pássaro que ronronava sobre o meu braço, as penas macias tocando minha pele já quente de sol, mas não havia ninguém ao meu lado quando acordei com um cheiro doce-enjoativo no estômago. Quer dizer, havia, mas era o corpo de alguém que não estava lá, alguém que há tanto tempo procuro que já perdi a noção do tempo, não me assustarei se nossos cabelos já estiverem todos brancos quando nos encontrarmos novamente. E, até lá, é provável que eu tenha me esquecido do pássaro, mas não de vomitar. 

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