Na sala de
espera, ele, barba recém-surgida no rosto com uma boca cheia de dentes tortos e
amarelos e óculos sobre olhos desgovernados, soltava urros a cada dois ou três
minutos que passei a contar no relógio. Não ficava sentado mais do que quatro.
Levantava, urrava, escancarava a boca pálida e tentava correr com pernas que se
entrelaçavam. A mãe ia atrás e o colocava de volta na cadeira. Mais urros e
tentativas de fugas. Numa das vezes em que se levantou veio até mim, olhos
ardentes, óculos tortuosos, boca aberta num sorriso e braços prontos para um
abraço. Eu, em pé, do outro lado da sala, sorri de volta. Ergui os braços. A
mãe se pôs entre nós: deve ter te achado bonita.
Ela não tinha
como saber que não é pela beleza que atraio os loucos. Mas também não
expliquei.
* * *
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