A vida está no
cigarro entre os dedos amarelos da mulher corcunda e enrugada, envolta em lã
puída e fétida, sentada no ponto de ônibus à espera de ônibus nenhum. Está na colher que
mexe algo (fígado? ração de cachorro? salsicha com jornal?) podre que ferve dentro de uma panela
posta sobre um fogareiro improvisado na calçada de uma avenida por onde passam
quatro mil carros por hora. Está na mão da mãe que afasta o filho que pede um
brinquedo que ela não pode comprar, por mais que ele berre e esperneie. Está na
caneta nas mãos da mulher que não pode completar o endereço do ex-marido
que deve pensão ao filho porque não consegue desenhar o número sete. Está na
falta de dentes do pai dessa mulher que segura o neto no colo enquanto o número
sete sai trêmulo e ao contrário no papel.
Que vida cheia de cenas trágicas!
ResponderExcluirBj e fk c Deus.
Nana
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