Era uma cidade submersa. Pessoas e peixes viviam nela. Havia
homens em bares e mulheres tomando sol em espreguiçadeiras. Eu estava
perfeitamente adaptada. Via-se que há muito aprendera a respirar debaixo
d’água; mas notei meu filho nos meus braços, desacordado. Eu e ele chegamos ao
fundo do mar no mesmo dia, mas não tinha me atentado para sua resistência ser
menor. Idade, tamanho dos pulmões, autodeterminação, tantas variáveis...Então
agarrei aquela criança nos meus braços e bati as pernas rumo ao brilho do sol
com o máximo da pouca força que restava em mim. Foi suficiente. Ele chegou, nós
chegamos, à superfície, ainda a tempo de abrir bem a boca a encher os pulmões
de ar. Foi nesse instante que pulei da cama e fui acordá-lo, madrugada ainda,
com a promessa de que voltarei a respirar fora d’água.
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