Fui cedo para a praia naquela manhã. Você estava para chegar.
As férias estavam no fim e eu ainda não tinha visto o mar antes do meio-dia.
Mas você estava para chegar, ia chegar cedo, queria que me visse ali, te
esperando, a praia ainda vazia, nem de guarda-sol eu precisava, apenas uma
cadeira de alumínio para te esperar sentada e contemplativa. Eu queria te dizer
tantas palavras, desculpe-me e te amo eram algumas, apesar de você ter
me dito uma vez que eu te amo era
muito banal para traduzir o que você sentia por mim. Acho que você me escreveu
isso, não? Já não consigo me lembrar, posso procurar nas cartas e bilhetes
guardados. Onde mesmo? Porque eu queria te dizer essas e outras palavras,
olhando nos teus olhos, fui para a praia cedo. Então eu pensava nisso, com aquela
sensação de um grampo na boca do estômago, quando o porteiro do prédio em que
eu estava hospedada me cutucou: eu precisava retornar uma ligação recebida da
cidade em que eu morava, em que nós morávamos, e de onde você sairia para vir
até a praia. Se eu soubesse assobiar, teria ido até o prédio assobiando. Como
não sei, nunca soube, devo ter ido cantarolando mesmo. Retornei a ligação, os
dedos tranquilos no teclado do telefone, e fui informada de que você não viria
naquela manhã. Nem na outra. Nem na outra. Nem na outra e na outra e na outra e
na outra e na outra... Ouvi as palavras lago, gelado, pulo, parada, cardíaca,
choque...como até hoje não entendi o que aconteceu? Naquela manhã só entendi o
significado de “nunca mais” e o que me sobrou foi essa ânsia de ter de dizer tudo o
que se quer dizer no momento em que se pode dizer. Pode não haver outra chance.
Nunca mais.
Trágico, mas real.
ResponderExcluirBj e fk c Deus,
Nana
procurandoamigosvirtuais.blogspot.com