Às sete ela tomou banho.
Às sete e meia ela secou o cabelo.
Às sete e quarenta ela vestiu uma saia preta com uma blusa
branca, trocou por um vestido preto, depois por um vestido vermelho, depois por
uma calça jeans e uma blusa prata, depois por um vestido preto e branco e por
fim se encheu de cor com um vestido de seda. Sandálias com salto alto, uma
pulseira dourada no braço direito e brincos de grandes argolas.
Às oito ela caprichou na maquiagem: base, batom, rímel, lápis
de olho, delineador, sombra, blush, iluminador, e no perfume: cítrico.
Às oito e trinta ela olhou o relógio, sorriu, e sentou-se no
sofá. Facebook, Instagram, Whatsapp.
Às nove ela ligou a televisão e passou por cento e cinquenta e dois canais.
Às nove e dez ela ligou para a irmã.
Às dez ela tirou as sandálias.
Às dez e dez ela prendeu o cabelo num coque.
Às dez e meia ele chegou, e encontrou-a deitada no sofá, com uma calça
de moletom, uma camiseta da Criança Esperança, um pacote de pipoca e o rímel borrado.
Ficou bravo. Era falta de carinho esperá-lo assim.
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