Ela entrou na
estrada, mãos no volante, o carro a 100 km/h, quase meia-noite, debaixo de chuva, olhou para o
rádio que tocava uma música qualquer das dez mais ouvidas, quando afundamos a esse ponto irretornável?, e pensou nas férias de
sua infância, um mês na praia com a mãe, o pai e as irmãs menores, quando
olhava apenas para o carrinho de sorvete e não para o pôr-do-sol, como se o
pôr-do-sol, e não o carrinho de sorvete, fosse estar ali, sempre, para todo o
sempre, como a infância, os pais jovens e as irmãs crianças. E agora, agora, porra, é sempre meia-noite. E só chove.
Nenhum comentário:
Postar um comentário