Na impossibilidade de se extrair o pus do mundo, com os dedos
vermelhos ela espreme uma espinha em frente ao espelho rachado. Você vive como
se não fosse morrer, ela com a morte colada às orelhas. É por isso que ela
chora e você não entende. A morte gri-ta!: vamos todos acabar com vermes no cu.
Num mundo de putas e banqueiros, foram elas que tiveram os filhos ofendidos.
Você não entende porque não é justo – ao menos para ela. E daí? E daí? E daí?!
- de quem é essa voz? Ela tenta tapar os ouvidos, não sabe para onde ir –
porque não há para onde ir. Entra no banho e as vozes não derretem com o vapor. Outro vidro rachado e mais um amanhã como tantos hoje.
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