Nãããooo! Mil vezes não!, seu despertador desgraçado. Você não
sabe o que é ter um sonho interrompido porque não tem pele. Desgraçado! Era o
Wagner Moura no meu sonho, puta que pariu era o Wagner Moura com aquela carinha
de bebê pedindo a mamãe. E sabe o que ele me falava? Que nunca tinha encontrado
uma pessoa tão incrível como eu. Que nunca imaginou que pudesse querer ficar
tanto perto de alguém como queria ficar perto de mim. E falava isso e pegava
nas minhas mãos, nos meus braços, no meu rosto, para ter certeza de que eu
estava ali, ao alcance dele. E me dizia que mesmo que fôssemos dois divorciados
com filhos pequenos nós merecíamos aquela história (que você desgraçadamente
interrompeu). E tudo bem porque divorciada aos quarenta com dois filhos
pequenos eu já não espero nenhum virgem solteiro mesmo. E talvez seja melhor
assim, que venha com o pacote. E ele me dizia isso e me beijava, meudeus, eu
beijava aquela boquinha safada do Wagner Moura, e ele estava com o cabelo mais
comprido, a barba por fazer, como A Praia do Futuro, meudeus, eu queria aquela
dança da Praia do Futuro e você, despertador desgraçado, não me deixou chegar
lá. Paramos na praia, eu e Wagner, à noite. Ele me deitou numa pedra dourada de
areia e luar, colocou o corpo dele por cima do meu, mais uma vez disse que não
acreditava na minha existência. Estava feliz. Eu mais ainda, tenho certeza. E
foi então que você chegou.
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