Uma dor no fundo
dos olhos, mas não era dengue. A dor, quando conseguiu ficar parada por uns
cinco minutos, descobriu, era no fundo de tudo: dos olhos, do estômago, da
língua, dos cotovelos, do baço. Bastava respirar e nem precisava ser tão fundo.
Até que uma maritaca pousou no peitoril, tantos os sobreviventes no fundo desse
mundo. Ela só tinha nas mãos uma xícara de café. A maritaca disse não: não, obrigada.
Faz bem, ela pensou, e logo a maritaca voou de volta sabe-se lá para onde.
Talvez não fosse volta. Talvez o caminho da maritaca fosse só de ida. Ela
terminou o café, passou um batom rosa escuro e também saiu: sabe-se lá para
onde.
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