terça-feira, 8 de setembro de 2015

Manhãs

Uma dor no fundo dos olhos, mas não era dengue. A dor, quando conseguiu ficar parada por uns cinco minutos, descobriu, era no fundo de tudo: dos olhos, do estômago, da língua, dos cotovelos, do baço. Bastava respirar e nem precisava ser tão fundo. Até que uma maritaca pousou no peitoril, tantos os sobreviventes no fundo desse mundo. Ela só tinha nas mãos uma xícara de café. A maritaca disse não: não, obrigada. Faz bem, ela pensou, e logo a maritaca voou de volta sabe-se lá para onde. Talvez não fosse volta. Talvez o caminho da maritaca fosse só de ida. Ela terminou o café, passou um batom rosa escuro e também saiu: sabe-se lá para onde.  

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