terça-feira, 27 de novembro de 2012

A lagartixa


Assim, medo e cansaço. Um pouco de tristeza talvez. E preguiça. E vontade de deitar e ler e amar e receber os filhos que já tem e os que ainda gostaria de ter. E o medo de perdê-los: não, não, não...medo, não...o pavor. Sim, o pavor, o estremecimento só de pensar em perdê-los. E se o mundo vai mesmo acabar que ao menos eles não sofram. A vontade de dormir e sonhar e viajar e deixar de pensar na existência e sua falta de sentido. Total falta de sentido. Não, não...os filhos fazem sentido. E a literatura. E a arte. O homem sem a arte poderia ser uma mesa. Pensa se a lagartixa é feliz por não se saber lagartixa. Pensa que valter hugo foi premiado e sorri e agradece. A ele. E se pudesse, por algumas horas, deitar com o filho de mil homens no colo. E se pudesse fazer João caminhar pelas ruas de Zagreb, tirá-lo daquele quarto de hotel sufocante. Mas você ainda vai esperar, João. E se pudesse ela estar em Zagreb. E na Vela Luka. E se pudesse esquecer a conta negativa. E se pudesse só mais uma vez visitar Paris. Assim, medo e cansaço. Um pouco de tristeza talvez. E uma xícara de café.  

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