É como se você colocasse seu coração,
seus pulmões, seu estômago, seus rins, seus braços, suas pernas, seus pés e
suas mãos na cama, os cobrisse e dissesse boa noite. Mas como se isso não
bastasse é como se fosse preciso passar a noite ao lado deles para ver se não
deixam de se mexer. Porque não há, agora, maior pavor no mundo, além do mundo,
do que vê-los sem se mexer. É preciso um sopro dos pulmões ao menos. É preciso
que o coração dê um pulinho e que os rins filtrem uma gota que seja. Porque o medo
é maior que o mundo. Porque o amor é maior que o mundo. Porque não é amor. É
isso, algo para o qual não foi inventada uma palavra. Sinto muito. E não é nada
disso porque se fossem seus esse coração, esses pulmões, esse estômago, esses
rins, esses braços, essas pernas, esses pés e essas mãos, você não se queixaria
se endurecessem. É como se fossem o coração, os pulmões, o estômago, os rins,
os braços, as pernas, os pés e as mãos do mundo. Nada antes. Nada mais depois.
O Aleph. Ali, hoje, naquela cama, dormindo, depois de você ter lido uma
história para ele.
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