sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Nana, nenê

É como se você colocasse seu coração, seus pulmões, seu estômago, seus rins, seus braços, suas pernas, seus pés e suas mãos na cama, os cobrisse e dissesse boa noite. Mas como se isso não bastasse é como se fosse preciso passar a noite ao lado deles para ver se não deixam de se mexer. Porque não há, agora, maior pavor no mundo, além do mundo, do que vê-los sem se mexer. É preciso um sopro dos pulmões ao menos. É preciso que o coração dê um pulinho e que os rins filtrem uma gota que seja. Porque o medo é maior que o mundo. Porque o amor é maior que o mundo. Porque não é amor. É isso, algo para o qual não foi inventada uma palavra. Sinto muito. E não é nada disso porque se fossem seus esse coração, esses pulmões, esse estômago, esses rins, esses braços, essas pernas, esses pés e essas mãos, você não se queixaria se endurecessem. É como se fossem o coração, os pulmões, o estômago, os rins, os braços, as pernas, os pés e as mãos do mundo. Nada antes. Nada mais depois. O Aleph. Ali, hoje, naquela cama, dormindo, depois de você ter lido uma história para ele. 

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