quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Preservações

Em todos os encontros que tiveram, ele chegou atrasado. Porque estava jogando futebol, ou andando de moto, ou jogando bilhar com os amigos, ou no bar com conhecidos de bar, ou vendo novela. Mas sempre foi. E sempre foi com os olhos alegres, a boca úmida e as mãos quentes. Nas noites frias, ele a envolvia, nua e friolenta, num cobertor extra. Nas tardes quentes, ele a deitava, nua e calorenta, nas pedras molhadas de uma cachoeira. Ele gostava de pés femininos e ela, sem precisar implorar, nem mesmo pedir, ganhava massagens infinitas durante todo um filme ou um capítulo de novela. Ela gostava do seu reflexo nele. Nenhum outro espelho mostrou-a tão bonita. Foram incontáveis pedidos de casamento, até ajoelhado, até com lágrimas. Ela sempre disse não. Ninguém sabe o porquê. 

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