segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Um presente


Você veio. Não identifiquei o que trazia nas mãos, mas as minhas começaram a suar assim que você entrou, o mesmo sorriso e o mesmo meneio de lado com a cabeça, como sempre fez quando estava sem graça, porém corajoso. Tentei esconder as mãos, que queriam correr para tocar teu rosto, teus ombros, tuas mãos que traziam algo não identificável. Não era nenhum anel, pois anéis não são do teu feitio. Com o que você me presentearia? Uma folha arrancada de uma árvore? Uma foto tua ainda no berço? Uma tartaruga? Uma compota de caju? Uma página de algum livro que estava lendo? Minhas mãos fugiram e levaram meus braços que te abraçaram. Forte. Suave. O teu cheiro ainda é o teu cheiro. E você foi, levando não sei o quê nas mãos.

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