domingo, 3 de maio de 2015

Ainda te espero


As últimas palavras que te escrevi foram “te espero”. E esperei.  Não sentada. Nem roendo as unhas com o estômago embrulhado para um presente que pelo visto nunca será dado; mas esperei. Pintei as unhas, apesar de ter quase certeza do seu desprezo por unhas coloridas. Mas me senti bonita, entende?, com as unhas em fogo. Vesti meu melhor sorriso, encontrado debaixo de pó no fundo de uma gaveta, só para te esperar. Li um livro-pérola. Escutei jazz. Pensei em palavras que gosto e coloquei-as numa ordem capaz de te agradar.  Passei tempo tentando lembrar de coisas que te fazem sorrir: uma comida, uma paisagem,  uma ideia, um lugar, e não me lembrei de nada. Pensei em te perguntar. Estou mais prática, queria te mostrar isso. Mas você não veio e não lamento: gosto de olhar para as minhas unhas caprichadas e o sorriso, aquele esquecido, continua no meu rosto.

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