domingo, 22 de junho de 2014

Amo tanto ...


Ela não entendia tudo, mas intuía um amor que queria para si. Amar tanto e de tanto amar achar uma mulher bonita. Ela não era bonita, sabia, mas essa moça com um olho a boiar e outro a agitar, o que era isso? Feia demais, ela pensava, mesmo sem conseguir visualizá-los. Pernas enroscadas, balé esquisito, casar em Porto Rico, isso ela entendia e queria, sonhava com um vestido branco e uma maquiagem que disfarçasse os buracos do seu rosto e trouxesse seus olhos para a superfície. Se a mulher da música era tão mais esquisita, um olho arregalando uma pepita, outro madrugando na bodeguita (onde?), e conseguiu um homem para cantar uma música assim para ela, só para ela, por que ela não conseguiria? Onde está meu homem, ela pensava enquanto sonhava com o vestido e depois com um bebê e depois com uma canção feita para ela, mesmo que ela quase nada compreendesse. Bastaria haver alguma soma de olhar para se conhecer inteiro, mas isso nem precisaria estar na letra. Podia estar só no olhar mesmo.

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